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Como foi que a vida lhe trouxe seus amigos? {Um texto que devia ter ido ao ar, mas não foi}.

De pé: Nick Mason, Syd Barrett, Roger Waters, Richard Wright; sentado: David Gilmour.


Como foi que a vida lhe trouxe seus amigos? {Rock e amigos: cinco lembranças.}[1]
O início de "Dark Side of the Moon" é a estupenda "Shine On You Crazy Daimond" e seus intermináveis quase vinte minutos. Quase todo fan de Pink Floyd[3] sabe, mas talvez você não: a canção é dedicada ao músico Syd Barrett, primeiro e principal front man do grupo e que, segundo os mais abalizados críticos, deu o tom do que a banda se tornaria, anos depois, mesmo após a chegada de David Gilmour.
"Shine..." é dura e doce, fulgurante e melancólica, simples e profunda, inocente e perigosa... É magnífica - como Syd, aos olhos de seus amigos e de quem o conheceu com mais proximidade. Dele, todos os quatro falam com saudade e amor, nos minutos iniciais de "The Story of Wish You Were Here"[4], ótimo documentário que conta os maiores "segredos" da feitura do disco que, após o monumental "Dark Side Of The Moon" (aquele que, em 1973 lançaria o Floyd ao completo e avassalador "estrelato", e mudaria a história do rock - não só o "progressivo"[5]- para sempre), foi a resposta da banda para a questão que nos aponta David Gilmour, na dita produção: depois dele [de "Dark Side..."] tivemos de entender se éramos artistas ou homens de negócio"...
Mas me foco, aqui, em Syd[6]; nele e na amizade - talvez a mais pura forma de amor[7]. Dele (e da canção) falam os quatro - como dito acima - no filme, nos seguintes termos:
"De alguma forma, estas notas evocaram em Roger uma canção sobre Syd e seu desaparecimento, sua ausência - se preferir. (.  .  .) Penso que a canção é brilhante no seu modo de evocar aquilo que Roger obviamente sentia por Syd, e que coincide com o que sinto. (.  .  .) Syd era um cara fantástico. Muito, muito espirituoso; muito, muito esperto. (.  .  .) Ninguém podia imaginar que acabaria da forma como ele acabou" (D. Gilmour).
"É minha homenagem a Syd, e a expressão profunda de minha tristeza. E também minha admiração por seu talento, e minha tristeza pela perda do amigo. (.  .  .) Não há nada de generalidades, nesta canção. Não é sobre 'velhos diamantes loucos', é sobre Syd" (R. Waters).
"Eu acho que a coisa mais importante foi não tentar apagá-lo de nossa história" (N. Mason).
"Sabe, era extrovertido, fascinante, maravilhoso, amigo... E mais. Era um homem fantástico" (R. Wright).
A vida, de alguma forma, por mistérios que (no nível da consciência desperta) não sabemos quais são, faz conosco e fez com eles: uniu os quatro caras (que se tornaram cinco, com Gilmour) e os fez construir algumas das canções que embalaram mudanças de vida, viagens psicodélicas, sonhos de maturidade e realizações pessoais em milhões de criaturas humanas (procure alguém - no Ocidente, sobretudo - que nunca tenha ouvido "Another Brick In The Wall" ou "Wish You Were Here"...).
Todos nós vamos passar pela vida tocados pela dádiva da amizade, em maior ou menor grau e riqueza (até os criminosos têm os seus mais achegados, seus "parças" - diriam alguns).
E você? Como foi que a vida lhe trouxe seus amigos?... Como os perdeu? Sente falta deles?...
Tem muita coisa que traz amigos, para nós, ao longo da vida, não é? O trabalho, os hobbies... Fontes óbvias para "esses seres" que nos alimentam a alma, com sua própria visão de mundo, seus sonhos, suas realizações, seus medos, suas virtudes, suas perdas, suas vitórias... Neste texto, recordo alguns amigos e as circunstâncias que nos aproximaram, pelo caminho da música.

Nesta madrugada de "farra" ("farra de escritor" é passar a noite escrevendo! Digo isto ainda que eu ainda não me veja como um, feito/completo/acabado - se é que algum dia algum de nós estará completo!), ouvindo Pink Floyd, me ocorreu agradecer aos amigos que me enriqueceram com música, quando eu não sabia lá muitas coisas de nada (será que hoje sei?...).
O primeiro deles[8], me recebeu incontáveis vezes em sua residência, me brindando com bons papos sobre a vida, a morte e as loucuras que passam pela cabeça de adolescentes "em fim de carreira" (quando vão chegando os dezenove anos! - uma vez nos pegamos pensando se existíamos realmente, ou se éramos um sonho que Deus sonhava... Não, não usávamos maconha... Estávamos no teto do edifício em que "Murphy" morava e olhávamos o céu de fim de tarde). Na companhia deste nobre colega, descobri Pink Floyd, de fato, ainda que tenha ficado "apenas" na antessala, "somente" em The Wall e Pulse...
O que me leva aos próximos amigos[9]: "DM" e "Cálidor", que me fizeram passar do hall e chegar à cozinha, conhecendo até o menos falado The Final Cut, último disco (que eu saiba) de Roger Waters, junto aos demais integrantes (que só voltariam a se reunir décadas depois, para apresentações pontuais; a primeira delas para o "Live 8" - fenômeno mundial, com viés humanitário, que reuniu grandes artistas em apresentações ao vivo).
Talvez, agora, você esteja achando que exagero na importância da coisa toda, de Pink Floyd etc. Talvez sim, você esteja certo. Mas para mim, naquela idade, as letras de Barrett, Waters, Mason, Wright e Gilmour me mostraram o que era, de fato, que me estava angustiando na vida, no cotidiano monótono, nas pessoas, no mundo. Com eles e com os amigos que mos apresentaram, fiz minhas primeiras reflexões conscientes sobre a importância do tempo[10], das coisas, das pessoas[11]. Sobre o amor de mãe[12], a figura paterna, a guerra[13], o egoísmo e a solidariedade, a maneira como governos[14] e megaempresas nos manipulam e exploram[15]... Ali foi que começou minha aventura pessoal de entender o mundo, de fato, por mais que, ainda na adolescência, eu já gostasse de ler sobre filosofia e história...
Com "DM" e "Cálidor", conheci também as profundidades de Enya, Kitaro, Yanni, Vangelis (você conhece, se assistiu "Blade Runner", de Ridley Scott[16] - pois é: a  trilha sonora estupenda é de Vangelis, que também fez a do belíssimo "1492 - The Conquest of Paradise"[17])... Só a elite da então chamada New Age.
O que me leva a outro amigo... Muitos anos depois, numa fila de restaurante, estava à minha frente um sujeito "troncudo", branco, de cabelos curtos e barba por fazer, mochila nas costas, fones de ouvido cuidadosamente colocados em seus orifícios naturais. Como não sou muito de ficar com cara de paisagem, quando tem gente por perto, decidi puxar assunto. Lembro que, do nada, olhei para o camarada (que já estava com o prato nas mãos, selecionando o que comeria) e sapequei-lhe duas perguntas: Linkin Park ou System of a Down? Ele olhou para mim, surpreso, mas não demorou a responder: System of a Down!... Eu insisti: Sepultura ou Metallica? E ele, ainda com cara de "quem é este sujeito filho da mãe atrapalhando o meu almoço?!", respondeu, já sem muito entusiasmo: Sepultura, Sepultura... Ou foi o contrário (Metallica e Linkin Park, ao invés dos outros)... Que eu me lembre, foi assim que começou minha amizade com "Mamute".
Preciso ainda fazer uma honrosa menção ao amigo "Rosa" (aquele mesmo: se você estuda história, no Ceará, sabe quem ele é - e sabe que gosta de combinar as cores das meias, com a da camisa!). Foi em sua casa que, pela primeira vez, coloquei fones de ouvido e curti música num volume bem alto. E o que rolava era "Engenheiros do Havaí" (conclua a minha idade, por estas informações...).
E a vocês meus amigos(as), todos e todas (olha o "politicamente correto" aí, gente!...), um abração afetuoso. Cada um me ensinou e ensina alguma coisa, a cada dia. Deus vos ilumine.
E a você que me lê, pense aí, comigo: como foi que a vida lhe trouxe seus amigos? Lembremos de agradecer...




[1] Artigo de agosto de 2015; atualizado em 1 de outubro de 2015.
[3] "O Pink Floyd surgiu de uma banda de rock formada em 1964 que teve vários nomes - Sigma 6, The Meggadeaths, Tea Set e The Abdabs, The Screaming Abdabs, The Architectural Abdabs. Quando a banda se separou, alguns membros---os guitarristas Rado "Bob" Klose e Roger Waters, o baterista Nick Mason e o instrumentista de sopro, Rick Wright---formaram uma nova banda, chamada "Tea Set". Depois de um pequeno período com o vocalista Chris Dennis, o guitarrista e vocalista Syd Barrett se juntou a banda, com Waters mudando para o baixo. {§} Quando os Tea Set descobriram que outra banda tinha esse mesmo nome, Barrett deu a ideia de um nome alternativo, The Pink Floyd Sound, em homenagem aos músicos de blues Pink Anderson e Floyd Council. Por um tempo a banda oscilou entre os dois nomes, até se decidirem pelo segundo. O "Sound" foi deixado de lado rapidamente, mas o "The" continuou sendo usado regularmente até 1968. Os primeiros lançamentos no Reino Unido da banda, durante a era do Syd Barrett, vinham creditados como The Pink Floyd, assim como em seus dois primeiros singles nos Estados Unidos. Sabe-se que David Gilmour tenha se referido ao grupo como The Pink Floyd até 1984. {§} Klose - que era bastante influenciado pelo jazz, saiu depois de ter gravado somente uma demo, deixando uma formação diferente com Barrett na guitarra e vocais principais, Waters no baixo e vocais de apoio, Mason na bateria e percussão, e Wright revezando nos teclados e vocais de apoio. Barrett logo começou a escrever suas próprias composições, influenciado pelo rock psicodélico norte-americano e britânico (também pelo surf music), com extravagância e humor. O Pink Floyd se tornou favorito no movimento underground, tocando em casas como UFO Club, the Marquee Club e The Roundhouse." Cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pink_Floyd.
[4] "The Story of Wish You Were Here is a direct-to-video documentary about the making of Wish You Were Here album by Pink Floyd. After being shown on a few television channels, such as BBC Four, it was released on 26 June 2012, on DVD and Blu-ray. The film gives an extensive insight of concept, recording the songs and designing the album cover. It includes exclusive interviews with almost every key person, who participated in producing the album. It is the second Pink Floyd documentary by Eagle Rock, the previous being The Making of the Dark Side of the Moon (2003). The band is represented by all three surviving members – David Gilmour, Nick Mason and Roger Waters. Other participating people include: Joe Boyd, Venetta Fields, Jill Furmanovsky, Roy Harper, Brian Humphries, Peter Jenner, Nick Kent, Aubrey Powell, Ronnie Rondell Jr. (who depicted the "burning man" on the original cover), Gerald Scarfe, and Storm Thorgerson. The film is about 59 minutes long, with 25 minutes of additional interviews. These also include footage of Roger Waters and David Gilmour performing some excerpts from the original songs, while Brian Humphries, the album's sound engineer, plays back the original sound tapes from Abbey Road Studios archives." Cf. https://en.wikipedia.org/wiki/The_Story_of_Wish_You_Were_Here. Achei em https://www.youtube.com/watch?v=qGd1eiLKY_8 (gratuito), pode ser comprado em http://www.saraiva.com.br/the-history-of-wish-you-were-here-dvd-4090830.html, por exemplo. Interviews with Roger Waters, David Gilmour, Nick Manson and Richard Wright as they tell the story of the creative process of this album. Director e roteirista: John Edginton (cf. http://www.imdb.com/title/tt2296909/).
[5] "Lançado em Agosto de 1967, o primeiro álbum da banda, The Piper at the Gates of Dawn, é atualmente considerado um ótimo exemplo da música psicodélica britânica, e foi bem recebido pelos críticos da época. Atualmente, é visto como o melhor primeiro álbum por muitos críticos. As faixas, predominantemente escritas por Barrett, mostram letras poéticas e uma mistura eclética de música, desde a faixa de vanguarda com livre-forma, "Interstellar Overdrive", até canções "assobiavéis" como "The Scarecrow", inspirada nas Fenlands, uma região rural ao norte de Cambridge (cidade de Barrett, Waters e Gilmour). As letras eram inteiramente surreais, às vezes fazendo referência ao folclore, como em "The Gnome". A canção refletia novas tecnologias de eletrônicos, com o uso constante de espaçamento no estéreo, edição de fita, efeitos de eco, e teclados. O álbum foi um hit no Reino Unido, onde alcançou a 6ª posição das paradas, mas não foi muito bem na América do Norte, alcançando a posição número 31 nas paradas dos Estados Unidos. Durante esse período, a banda excursionou com Jimi Hendrix, o que ajudou a aumentar sua popularidade. Um fato notável sobre o disco é que ele foi gravado simultaneamente ao aclamado Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band dos Beatles, no estúdio da Abbey Road, e os integrantes das bandas frequentemente se encontravam no corredor e conversavam sobre influencias musicais. Ambos álbuns são hoje citados como o início do rock progressivo." Cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pink_Floyd.
[6] "Enquanto a banda se tornava mais popular, o stress da vida na estrada e o consumo relevante de drogas de Syd Barrett deteriorou sua saúde mental. O comportamento de Barrett foi se tornando cada vez mais imprevisível e estranho, fato atribuído ao constante uso de LSD. Conta-se que às vezes ele ficava encarando algum ponto, enquanto a banda tocava; durante algumas apresentações, ele somente tocaria um acorde o concerto inteiro, ou aleatoriamente desafinava sua guitarra. {§} Chegou um momento em que os outros membros da banda decidiram por simplesmente não levar mais Syd para os shows. Chamaram então o guitarrista David Gilmour, já conhecido de Barrett e Waters, e quem ensinou Syd a tocar guitarra, que se juntou à banda para ajudar Barrett com suas tarefas, apesar de Jeff Beck ter sido considerado. Inicialmente, esperava-se que Barrett fizesse composições enquanto Gilmour tocaria nos shows. Mas composições como "Have You Got It Yet", com progressões de acordes e melodias diferentes a cada take, fez com que o resto da banda desistisse dessa ideia. O último show da banda com Barrett foi em 20 de janeiro de 1968, em Hastings Pier, mas a saída de Barrett só foi formalizada em abril de 1968. Os produtores Jenner e King, decidiram continuar com Syd, o que pos fim à sociedade Blackhill Enterprises e fez a banda escolher Steve O'Rourke como empresário, que permaneceu com eles até sua morte em 2003. (.  .  .) Depois de gravar dois álbuns solo (The Madcap Laughs e Barrett) em 1970 (co-produzido por, e às vezes com participações de Gilmour, Waters e Wright) com sucesso razoável, Barrett então foi para reclusão, ideia muitas vezes rebatida por sua família, que disse não ter sido exatamente assim. Novamente chamado pelo nome oficial, Roger Keith "Syd" Barrett, viveu uma vida pacata em sua cidade natal, Cambridge, até sua morte em 7 de Julho de 2006." Cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pink_Floyd.
[7] Nos Evangelhos, quando Jesus quis mostrar em que conta tinha seus seguidores mais próximos, lhes disse: "já não vos chamo discípulos, mas amigos".
[8] Que, por aqui, chamarei apenas de "Murphy" ☺.
[9] Como este artigo é de minhas memórias, oculto os nomes deles - por quê? Ora bolas, sei lá...
[10] Time...
[11] Hey, you...
[12] Mother...
[13] Goodbye Blue Sky...
[14] Us And Then, Pigs...
[15] The Wall, In The Flesh, Confortable Numb, Welcome to the Machine...
[16] Com Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos.
[17] Com Gérard Depardieu, Armand Assante e Sigourney Weaver.






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